Lutar, até que o povo acorde. Neste blog publicarei as minhas opiniões e a de outros com as quais concorde. Denunciarei as injustiças e a corrupção de forma simples e pragmática para que os mais desatentos entendam a forma como somos roubados, por quem e para quem. Fá-lo-ei de forma anónima, usando o mesmo principio do voto secreto, e porque quero poder dizer o que penso sem condicionalismos de espécie nenhuma. Embora pensemos que vivemos num país democrático, o certo é que cada vez mais somos controlados pelos poderes e corporativismos instalados, que não olham a meios para atingir os fins.

É importante saber que não tenho partido, religião, clube ou qualquer outra doutrina ou forma de associativismo que condicione a minha forma de pensar. Tento estar atento ao que me rodeia e pauto-me pela independência, imparcialidade, justiça e bom censo.

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2011/04/17

Gang do crédito

Às vezes nem acredito no que vejo e no que oiço. Toda a gente diz, e eu ouvi o representante do FMI dizer que Portugal tem vivido acima das suas possibilidades, quando se devia dizer que Portugal tem sido roubado acima das suas possibilidades.

Fico completamente abesbílico pelo facto de não ver ninguém fazer esse pequeno reparo. Não é Portugal que vive acima das suas possibilidades, são alguns portugueses (poucos) que vivem muitíssimo acima das suas possibilidades. Como é que se pode dizer que uma família que tem um rendimento de 800 € e paga 500€ de casa, e resta-lhe 300€ por mês para alimentar 4 pessoas, escola dos filhos passes sociais, médicos, remédios, vive acima das suas possibilidades?? Estamos todos parvos? Como é que um reformado que recebe 200€ de reforma e gasta 180€ em medicamentos vive acima das suas possibilidades??? Quem afirma uma coisa destas só pode ser estúpido que nem uma carrada de mato. Quem trabalha não vive acima das suas possibilidades.

Quem vive acima das suas possibilidades são os ladrões dos políticos com os gastos que fazem em nome do estado, com as mordomias e ajudas de custo ilimitadas, cartões de crédito e toda a espécie de roubos.
Quem vive acima das suas possibilidades é o governo que rouba metade do PIB com negócios desastrosos para o país, que fazem parcerias público-privadas em que o estado é fortemente lesado, transferindo a riqueza do estado para os privados e cobrindo os prejuízos dos privados com dinheiros públicos. São os boys que num país como Portugal, são dos gestores mais bem pagos da Mundo. Esses é que vivem acima das suas possibilidades, e esses é que deviam ser apertados pelo FMI.

As dividas e os prejuízos dos bancos como o BPN e dos seus accionistas que são dívida privada, passaram a dívida pública como que por magia. Isto é tão escandaloso que o governo traz o FMI para nos emprestar aquilo que o governo precisa de nos roubar. O FMI e o governo são o gang do crédito, porque no multibanco os portugueses também já não têm dinheiro.

O “modus operandi” deste gang é o seguinte…

Vamos na rua, e chega o Sócrates:
Sócrates: - Isto é um assalto… passa para cá 3000€
Zé Povinho: - Só tenho 100€
Sócrates: - Não faz mal, eu trouxe aqui o meu amigo FMI que te pode emprestar o resto.
Zé povinho: - Mas eu não preciso de dinheiro emprestado…
Socrates: - Claro que precisas… se eu preciso de te roubar 3000€ e tu só tens 100€ é fácil de ver que precisas de dinheiro emprestado… Ó FMI, dá-me 2500€, ficas com 500€ de juros para ti e dá o documento de divida de 3000€ para o Zé assinar.

O FMI que devia trazer austeridade a quem vive acima das suas possibilidades, vem trazer austeridade a quem já vive na miséria há décadas. Fico chocado por não ver ninguém, nem sequer os partidos da oposição nem presidente da república, nem a comunicação social chamar a atenção para o facto de terem que ser os portugueses que vivem acima das suas possibilidades, os alvos da austeridade.

Quando se trata de receber, uns recebem 200.000€ de ordenado por mês e outros recebem 400€, mas quando se trata de ficar a dever, cada português deve 3000€ de divida soberana… porreiro pá.

Num país onde as desigualdades são gritantes, é engraçado ver que na altura de pagar, passámos a ser todos iguais.

Assokapa 16.04.11

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